- DestaquesVARIEDADES

.

Uma análise sobre problemas urbanos atuais e o comportamento geral diante desses desafios

Qwerty Editorial – Veículos abandonados e o espírito de coletividade

Eles já foram novos, úteis e se pudessem falar, certamente contariam muitas histórias, boas e ruins. Falariam dos lugares que visitaram, das pessoas que transportaram, de como eram cuidados e da decadência que protagonizaram. Estão em várias partes da cidade. Amontoados, desmantelados, servem muitas vezes como fonte de peças para outros veículos.

Esses abandonados são fatores silenciosos de uma série de problemas urbanos difíceis de enfrentar, ainda mais em uma cidade como Dom Pedrito que vem, ao longo de sua história, tentando se adaptar aos problemas inerentes a qualquer comunidade. Dar o destino correto para carros, caminhões, tratores, muitas vezes pode ser oneroso para quem, já sem recursos, teve que deixar um bem móvel se deteriorar.

A máquina pública, que teria a atribuição legal de fiscalizar essas situações, não consegue, com seu quadro funcional, atender a todos os casos que surgem. Os veículos ficam, assim, ao lado das ruas, amontoados sobre o lugar destinado ao passeio público, servindo de esconderijo para a criminalidade, de local para a proliferação de insetos e animais peçonhentos, muitas vezes. Sobre eles, a vegetação cresce, a água se acumula e o perigo se instala. A cidade fica feia e com ares de abandono.

Alguns proprietários de desmanches ou ferros velhos, até tomam algumas precauções, como fazer furos na lataria dos veículos que armazenam, mas isso parece ser uma minoria. A grande parte das imagens que aparecem neste vídeo foi feitas durante a semana que passou e retratam uma Dom Pedrito que muitas vezes passa despercebida dos olhares. Suas presenças acabam se integrando de forma negativa à passagem urbana, ao ponto de nos acostumarmos.

Além disso, são dezenas de piscinas, centenas de caixas d’água espalhadas por toda a cidade e que estão incógnitas, fora do alcance e do olhar da fiscalização, mas que estão lá, como potenciais maternidades para larvas de mosquito, sem falar dos pneus e todo tipo de lixo que é descartado de forma criminosa pela população.

Em uma época onde doenças como a dengue rondam nossas casas, esperar que o poder público bata todas as portas pedritenses é o mesmo que pedir para um beija-flor apagar um incêndio – é materialmente impossível. É preciso que as pessoas, assim como o passarinho do exemplo anterior, façam a sua parte. Demonstrar espírito de coletividade para quem já vive em sociedade, é mais do que ser solidário a uma causa que é de todos, é uma atitude inteligente, até porque, são pequenas ações que podem fazer toda a diferença na vida das pessoas.

É incrível perceber como temos a facilidade para cobrar dos governantes soluções para problemas que nós mesmos criamos. Nós lotamos os postos de saúde, mas não atendemos aos chamamentos para realizar as vacinas que são oferecidas de graça; nós bradamos em alta voz quando o caminhão que recolhe o lixo se atrasa, mas não pensamos duas vezes em descartar o copo plástico ou o papel de bala nas ruas da cidade; nós cobramos honestidade dos governantes, mas furamos a fila, recebemos quietos o troco a mais, recorremos à pessoas influentes para conseguirmos a vaga de emprego e trocamos o voto por uma cesta básica ou conta de energia elétrica.

Vivemos em sociedade e precisamos agir como tal. Seja dando destino correto àquilo que não serve mais, como no caso dos veículos velhos, cuidando de sua piscina, caixa d’água ou qualquer coisa que acumule água, seja descartando corretamente seu lixo. Espírito de coletividade, eis a palavra de ordem.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
×

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios