Segunda onda que nada! Este é o preço pago pelo comportamento egoísta
Com o número crescente de casos de Covid-19, a população está colhendo aquilo que plantou

Quando os primeiros casos de Covid-19 surgiram na China, no ano passado ainda, momento em que a doença sequer tinha um nome, o Coronavírus parecia mais uma vez uma daquelas coisas que aconteceu literalmente do outro lado do mundo. Em pouco tempo ela nos provou o contrário, chegando até nossas portas, portas estas que em muitos casos foram fechadas por ordem dos governos mas que se mostraram ações ineficazes diante do comportamento irracional das pessoas.
De começo a maioria teve que dar o braço a torcer, respeitando por algumas semanas as determinações – comércio fechado, empregos perdidos, atividades suspensas, pessoas desenvolvendo quadros depressivos e toda uma série de desdobramentos em função do mundo ter mudado da noite para o dia.
Depois de um tempo, o pior parecia ter passado, os números de mortes e internações começaram a cair em todo o país e em Dom Pedrito, por exemplo, dava a impressão que se encaminhava para um cenário de tranquilidade até que… Enfim.
O que se viu foi que com a chegada das temperaturas mais altas o povo começou a se assanhar – os jovens principalmente, e não venham dizer que não, porque as cenas vistas no centro de Dom Pedrito mostraram isso diversas vezes, e não só no centro, mas em vários outros locais.
Em muitos locais, criou-se o termo “segunda onda” para designar o fato de que depois de um pico de casos de infecção seguido de uma queda, o vírus retorna com força, enchendo as UTIs. Penso que esse termo é um tanto equivocado e me dou o direito de discordar uma vez que nem a ciência tem um consenso sobre esse novo mal. Para começar, o vírus, não se ausentou, não parou de circular através das pessoas, o que mudou foi que as pessoas relaxaram, e quando dizemos pessoas, nos referimos tantos aos governantes quanto à população.
Muitos dizem “ah estamos cansados, precisamos ter vida social, nos divertir, todos vão ‘pegar’ esse vírus, não adianta ficar preso em casa”. Puro egoísmo e falta de empatia. É muito provável que muitos de nós teremos contato com o vírus, se é que já não tivemos, mas porque não colaborar, fazer a sua parte?
Se hoje estamos a braços com um aumento vertiginoso no número de casos de Covid-19, este é o preço que está sendo pago pela irresponsabilidade daqueles que foram para o centro da cidade promover aglomerações; daqueles que durante as campanhas eleitorais e principalmente em comemorações juntaram dezenas e até centenas de pessoas; daqueles que fizeram e ainda fazem festinhas particulares; daqueles que sabendo-se contaminados, mesmo assim saíram às ruas e entraram em contato com outros indivíduos; dos governantes que minimizaram a doença, mas depois morderam a língua ao se contaminarem. Enfim, este é o preço pago pela sociedade pela sua própria incompreensão e pelo seu egoísmo.
Estamos mais próximos da obtenção de uma vacina, porém mais distantes da tão sonhada comunhão universal. Mais próximos do fim, no entanto, ainda longe de ver na sociedade a preocupação com seu igual.