Fotógrafa pedritense Lícia Arosteguy expõe na Usina do Gasômetro

Lícia Arosteguy, 28 anos, é natural de Dom Pedrito, RS. Formada em Desing possui forte relação com a dança e desenvolveu gosto pela fotografia digital durante a faculdade. A série O Corpo da Cidade é resultado da parceria entre a fotógrafa e o performer Douglas Jung, reunindo um interessante conjunto de imagens onde o corpo e o espaço urbano, seus movimentos, curvas e arestas são protagonistas.
A prefeitura de Porto Alegre divulgou o resultado do edital de ocupação para o ano 2016 dos espaços destinados a exposições fotográficas na Usina do Gasômetro, na Galeria dos Arcos e na Galeria Lunara. Foram 36 projetos inscritos, dentre os quais foram selecionados apenas três por galeria.
No contexto, a pedritense Licia teve a sua exposição “O Corpo da Cidade” como uma das propostas escolhidas para exposição na Galeria dos Arcos, no andar térreo da Usina do Gasômetro. A comissão julgadora responsável pela análise dos projetos foi formada por Ana Albani de Carvalho, professora do Instituto de Artes da UFRGS, e pelos fotógrafos Fernando Schmitt e Raul Krebs.
Descrição do projeto:
"O Corpo da Cidade é um projeto independente idealizado por Douglas Jung, performer, e Lícia Arosteguy, fotógrafa.
Tomando como base as relações entre o corpo e o espaço urbano, este projeto fotográfico tem como motor e foco principal a retratação do corpo como aspecto permanente e fator de construção da paisagem urbana em mutação. Para nós, idealizadores do projeto, a potência dos espaços urbanos, sua função social e a sua utilidade no cotidiano das populações, está diretamente atrelada aos corpos físicos que ocupam esses espaços e que, por si só, são tão potentes quanto os próprios espaços.
As cidades contemporâneas mudam suas paisagens, fluxos de migração temporária e permanente, se expandem vertical e horizontalmente de acordo com as necessidades e a cultura das populações que as ocupam. Como agente detonador de todas essas mutações e adaptações do cenário urbano está o corpo, que por esse ponto de vista, aparece tanto como a razão de ser das transformações, quanto como uma parte diretamente afetada por elas.
Tendo em mente esse processo de alteração mútua, o projeto tem como objetivo apresentar o corpo como símbolo da potência das ações dele mesmo sobre o espaço urbano. A intenção é chamar a atenção para o fato de que o espaço da cidade está para ser ocupado e alterado pelo corpo e que, além disso, por debaixo de todas as camadas sociais, culturais, políticas e econômicas persiste o corpo como ele é: pele, músculos e ossos, com a mesma estrutura e funcionamento para todos nós cidadãos.
A permanência das relações entre o “corpo como ele é” e espaço urbano como ele se apresenta é, nesse caso, o que garante a fluência da interação e a mutação de ambos. Sendo o corpo o nosso ponto de vista permanente e observatório do mundo ao redor, pode-se dizer que nele está a nossa interface de acesso à cidade, e por consequência, ao observar a cidade e seus espaços, pode-se entendê-la como interface para acessar o corpo dos cidadãos, seus hábitos e sua cultura.
Conclusivamente, a permanência e a mutação nas relações entre corpo e espaço urbano é o que nos interessa questionar e retratar através de imagens que mostram a relação das duas partes, num contexto onde o corpo está, por um lado, despido de um aspecto que define a sua aptidão para circulação em espaços urbanos. Por outro lado, este mesmo corpo estaria impregnado de todo sentido e potência que a sua própria imagem carrega. A cabeça e o rosto aparecem cobertos, visando à possibilidade de identificação do indivíduo com o fator corpo, mais do que o fator identidade. Quando ocultos os fatores “identidade” e “sexo” e com recursos que universalizem a imagem do corpo, acaba-se por revelar e potencializar estritamente a relação entre o “corpo como ele é” e o espaço para o que ele serve e como se apresenta."