Dom Pedrito – Exposição evoca memórias da paixão pelo pampa de Armando Almeida

Armando Almeida dedicou-se por mais de 50 anos à arte, não somente como artista plástico, mas também como professor. Bacharel em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) possui obras em acervos de diversos museus do Brasil, alguns internacionais e publicações em diversos dicionários de Artes Plásticas, livros e catálogos sobre gravura.
Iniciou sua trajetória lecionando as disciplinas de artes em escolas estaduais e particulares de Dom Pedrito e Bagé. Mudou-se para Porto Alegre a convite de Antonieta Barone para trabalhar na Secretaria de Educação, transferindo-se para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), onde foi um dos diretores. Na década de 1980, foi convidado para ser o primeiro Coordenador de Artes Plásticas do município de Porto Alegre. Além de lecionar no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre e no Instituto de Artes da UFRGS como professor convidado. Participou do Núcleo de Gravura do Rio Grande do Sul, foi coordenador do Centro Gráfico do Museu do Trabalho e coordenador das Oficinas de Gravura. Implantou um atelier de gravura em um dos torreões do Margs, onde ministrou aulas de gravura em metal. Promoveu cursos de calcografia na Urcamp (na época ainda Funba).
Exposição em Bagé
A obra do artista plástico Armando Almeida será exposta na Rainha da Fronteira pela primeira vez desde 1980. Mara Caruso, esposa do artista por mais de 35 anos, é uma das coordenadoras da exposição, que inicia hoje, a partir das 19h, na Casa de Cultura Pedro Wayne.
Ela comenta que nas 31 gravuras, com técnicas variadas como xilogravuras, em metal e litografia, é possível revisitar memórias de infância do artista. Imagens que ele presenciou quando menino na propriedade rural do pai serviram como fonte de inspiração. "Muitas coisas que ele desenhava e criava remetiam a essas imagens da infância, como a que ele relembra as mulheres que carregavam cestos de esterco seco para fazer o fogo, ou o homem que foi amarrado pela polícia no bolicho do pai dele. Foram coisas que ficaram na memória, e que ele pôs para fora em forma de arte", recorda Mara.
Ela destaca que o amor ao pampa demonstrado pelo marido está presente em todas as obras, de uma forma ou de outra. O material é tão extenso que rende duas exposições simultâneas, com o mesmo tema. Ao todo, são mais de duas mil peças. Em Porto Alegre está acontecendo, concomitantemente, a mostra Caminhos, na Pinacoteca Ruben Berta. Em Bagé, é Revivências. Mas, ambas têm como característica primordial esse amor ao campo. Por isso o nome da exposição é Revivências, já que foram escolhidos os trabalhos que mais acentuam esse amor ao pampa e a Bagé.
A paixão pelo pampa, ele conseguiu transferir para os três filhos. Já pela arte, não conseguiu o mesmo efeito. Mara rememora que quando os três eram pequenos, Almeida dava carvões para que os filhos desenhassem livremente pelas paredes da casa a fim de incentivar a produção artística e o amor pela arte, quando ainda eram jovens, mas nenhum optou por seguir a mesma carreira do pai. "Todos desenham imensamente bem, mas seguiram áreas bem distintas", afirma.