Dom Pedrito – Do orfanato para a vida musical
O técnico em Contabilidade, pós-graduado em Letras pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp) e bacharel em piano e canto veio com sete anos de Upacaraí, região de Dom Pedrito, para estudar em Bagé. Foi criado no orfanato Cidade dos Meninos até os 18 anos, quando foi servir ao Exército.
Como referência no município, apenas a madrinha, Maria Polino, de quem recebia alguma ajuda, e da mãe que era cozinheira de uma fazenda naquela região. A história difícil da infância, em que muitas vezes não tinha alimento nem roupas, forjou a personalidade do homem cheio de atitudes e com vontade de vencer. "São coisas que passaram e nem gosto de falar porque ficou para trás", conta.
Na Cidade dos Meninos criou o gosto pela música e canto. Participava do coral da entidade e iniciou seus estudos no Instituto Municipal de Belas Artes (Imba). "Lembro que muitas vezes, no inverno, vinha de chinelo, mas não falhava a aula" destaca.
Os estudos e a música foram marcantes em sua vida. Aos 18 anos, foi servir ao Exército, no qual se reformou no ano 2000, como subtenente e clarinetista da banda do 3º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RCMec). Mesmo no quartel, foi ministrar aulas de piano e acompanhamento musical na Urcamp, no já extinto curso de Música. Também ingressou no Coral Auxiliadora, onde hoje é o segundo regente.
Na lembrança, apenas a ajuda que afirma ter recebido de muitos mestres. Entre suas referências musicais, estão a maestrina Gilca Colares, Vera Catarina de Los Santos, Dora Donazar, Gelci Médici e Gioconda Figueiró. "Recebi ajuda de tanta gente, que nem é possível nomear para não ser injusto", observa.
Timidez
Pai de duas meninas, Cristiane e Daiane, e avô de três meninos,relata que adora viajar e tem um carinho especial pelo Nordeste. As músicas, de preferência as brasileiras. A bossa nova e o samba são os ritmos mais apreciados. Paim salienta que nunca cantou em bares e se considera tímido para este tipo de apresentação. O maestro adora a combinação do arroz e feijão, mas não nega que aprecia um bom churrasco regado a cerveja.
Dos sonhos, todos se tornaram realidade. Mesmo com a simplicidade de ter sido criado em um orfanato e ter passado por tanta dificuldade, trouxe para a vida somente boas lembranças e a lição de que quando se quer alcançar algum objetivo, nem o maior obstáculo impede. "Nunca desisti dos meus sonhos e nem da música", ressalta.
Uma das coisas que ainda falta realizar, é o trabalho em alguma comunidade carente e em programas sociais de incentivo à música. "Falta tempo para tanta coisa", brinca.
Paim além de ministrar aulas no Imba para cerca de 30 jovens e cantar no Coral Auxiliadora, dedica seu tempo à Igreja Anglicana e uma vez por semana,à regência do Coral Terra da Paz, em Dom Pedrito.
Para manter a voz afinada, realiza exercícios regulares de técnica vocal, e garante que nas horas vagas, gosta de fazer palavras cruzadas e ler jornais e revistas.
Fonte: Jornal Minuano – http://www.jornalminuano.com.br/
Por: Marcelo Brum – FENAJ 8202
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